Venezuela e Nicarágua fora dos BRICS: governo Lula-3 vai se conformando como procurador ativo da politica externa de Washington na América Latina e no BRICS
A Venezuela e Nicarágua ficaram fora da lista de Estados a serem convidados para a categoria de “países parceiros” dos BRICS, na 16ª reunião de cúpula do bloco, realizada ontem, 22/10, na cidade de Kazan, Rússia. Tanto Venezuela como Nicarágua haviam solicitado ingresso para a entrada no bloco, na condição de “parceiros”, visando resguardarem-se das investidas estadunidenses que tem atingido em cheio a economia dos dois países por intermédio das conhecidas armas destrutivas do imperialismo contra nações não vassalas a seus interesses, como o uso e abuso das sanções e chantagens criminosas.
Na reunião, ficou estabelecida uma lista de países que serão convidados a posição de “parceiros” do bloco, entre estes estão Belarus, Bolívia, Cuba, Indonésia, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã . A Argentina, que havia sido convidada na última reunião de cúpula dos BRICS manteve sua posição distante. Na reunião de ontem, o presidente Lula participou a distância e online, devido um acidente doméstico sofrido no último final de semana.
Um fato, no entanto, da maior importância envolvendo a reunião de ontem, tem causado grande impacto: a negativa, por parte dos BRICS, em acolher os pedidos de adesão ao bloco vindos da Venezuela e Nicarágua.
A diplomacia brasileira, por intermédio direto do assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim e do Itamaraty, trabalharam rapidamente nos bastidores do bloco para impedir o ingresso da Venezuela e Nicarágua como parceiros da instituição. Em recente entrevista para a rede midiática monopolista estadunidense CNN, Amorim afirmou: “Eu não defendo a entrada da Venezuela. Acho que tem que ir devagar. Não adianta encher de países, senão daqui a pouco cria um novo G-77” (CNN Brasil, 21/10/24). As declarações do diplomata brasileiro, grande conselheiro de Lula, coincidem com suas posições hostis e intrometidas recentes, contra o país bolivariano, quando Amorim e o governo brasileiro se alinharam à propaganda golpista de desestabilização do governo de Nicolas Maduro, por parte do imperialismo estadunidense e da extrema direita fascista venezuelana. Na ocasião, o governo Lula deu voz a propaganda imperialista/fascista articulada pela CIA, deslegitimando as eleições venezuelanas e desrespeitando a soberania de nossa nação irmã, fazendo coro com o complô golpista contra o governo bolivariano.
Com relação aos BRICS e sua possibilidade de se constituir como um bloco geoestratégico frente a Washington, o governo brasileiro tem se mostrado contrário. São conhecidas as posições acovardadas da diplomacia “lulista” e do próprio Lula, contrárias à possibilidade da instituição se tornar supostamente uma espécie de bloco “anti-ocidental”. Neste contexto então, segundo a propaganda midiática da burguesia, o governo petista teria trabalhado para vetar as entradas de Venezuela e Nicarágua no bloco dos BRICS.
Ao que parece, Lula vai se confirmando como uma espécie de “procurador” e “agente” da política estadunidense na América Latina e nos BRICS, o qual não está descartada a possibilidade de o Brasil estar sendo instrumentalizado por Washington no sentido de inviabilizar ou amortecer o bloco.
Na verdade, o governo Lula tem dado seguidas demonstrações, desde que assumiu seu 3º mandato à frente da presidência brasileira, de um servilismo total diante dos interesses geopolíticos imperialista. A crise diplomática criada por Lula e Celso Amorim contra a Venezuela, por exemplo, somente pode atender diretamente aos interesses da Casa Branca em sua busca frenética por isolar e derrubar o governo Maduro. A Venezuela, maior reservatório de petróleo do mundo, fonte inesgotável de caudalosas quantidades de água potável, de ouro e minerais estratégicos, etc., é hoje o principal objeto de desejo do imperialismo em nosso Continente.
A posição diplomática vassala e alinhada a Washington da parte do governo Lula na América Latina, também promoveu grave crise com o presidente nicaraguense Daniel Ortega recentemente, levando a expulsão do representante diplomático do país sandinista no Brasil, após uma provocação do embaixador bolsonarista brasileiro contra a Nicarágua. Essas duas crises diplomáticas que o governo brasileiro provocou em nossa vizinhança, somente podem atender a tática da geopolítica estadunidense, que trabalha pela mudança de regime nos nossos dois países irmãos e conta para isso com o serviço sujo do Brasil, país chave no Continente, podendo levar inclusive a guerras civis e fortalecimento da extrema direita e golpismo imperialista em toda a região.
Também no contexto de sua política externa, é notória a fragilidade do governo brasileiro no que diz respeito ao genocídio cometido por Israel contra o povo palestino. Até o momento o governo Lula não tomou nenhuma medida de ruptura clara com o Estado sionista. Como sempre, as palavras se distanciam dos atos concretos, quando diz respeito a Lula. Neste sentido o governo brasileiro e seu corpo diplomático acovardado, foram recentemente humilhados pelo embaixador de Israel no Brasil, que chegou à ousadia de se reunir pessoalmente com Jair Bolsonaro. Digno de nota também, foi o vexame e constrangimento internacional que o Ministro bolsonarista da Defesa de Lula, José Múcio o fez passar quando da suspenção da licitação de empresa israelense com o Exército brasileiro. Em todas essas situações, porém, Lula e sua equipe não mostraram firmeza e muito menos liderança como deveria ser um governante de país soberano.
O que vai ficando cada vez mais claro, é que o governo brasileiro tem se portado como um autêntico representante de uma República bananeira, sem colocar o país num norte claro de desenvolvimento e sem nenhum projeto objetivo de nação. Ao contrário, no âmbito interno Lula e seu pupilo Fernando Hadadd, Ministro da Fazenda, um liberal declarado, avançam um modelo econômico moldado pelo capital financeiro internacional, calcado em austeridade fiscal, arrocho econômico, corte nos gastos sociais, ataques às conquistas econômicas e sociais dos trabalhadores e das massas empobrecidas. A continuação, da parte do governo Lula, de manutenção do controle dos gastos sociais para favorecer o sistema parasitário da dívida pública, herdados de Michel Temer e Jair Bolsonaro, pela via do chamado “arcabouço fiscal”, é uma prova inconteste do compromisso do atual mandatário em manter no atacado a economia politica do Plano Real, colocada em marcha no Brasil desde os anos 1990, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como expressão do pacto de dominação das diversas frações das classes dominantes brasileiras com o capital imperialista, fechando a cadeia da reprodução do capitalismo dependente brasileiro em torno do rentismo, da reprimarização econômica e da transfiguração da burguesia industrial em compradora.
Essa regressão econômica, política, social e cultural pelo qual o Brasil passa e que recrudesceu em nosso país as amarras da dependência e do subdesenvolvimento, que coloca o país numa posição completamente submissa na divisão mundial do trabalho, é a base material da completa vassalagem diplomática e da política externa do governo Lula, que não encontra hoje mais margens para manobras devido ao aguçamento da crise mundial do capitalismo e da agressividade imperialista frente seu declínio histórico.
Nossa posição diante dos BRICS é que, no contexto da crise geral do capitalismo e da decadência objetiva do sistema de dominação imperialista liderada pelos Estados Unidos, estão sendo abertas possibilidades reais para a contestação do bloco imperialista. Os BRICS já é responsável por cerca de 30% do PIB mundial; se se consolidar, se aceitasse uma potência energética como a Venezuela, tendo no seu interior grandes produtores petrolíferos como Rússia, Irã, Arabia Saudita e Brasil, por exemplo, o bloco poderia desfechar um duro golpe no imperialismo ianque-europeu, fortalecendo os mecanismos de desmontagem do sistema do petrodólares.
Mas não bastaria: poderia avançar para um bloco de integração para além de negociações puramente comerciais. Se poderia ir construindo um polo militar e de segurança: estabelecer acordos para incrementar o desenvolvimento de parcerias tecnológicas mutuas, possibilitando o desenvolvimento de forças produtivas para minar o poderio das chantagens imperialistas.
O fortalecimento de uma nova moeda e um outro sistema de pagamentos internacionais (discutido na reunião de Kazan) do bloco, daria condições de quebrar a força criminosa das sanções estadunidenses e daria coesão ao bloco. Ou seja, existem inúmeras possibilidades, visto a decadência do imperialismo.
O grande problema, no entanto, é que os BRICS estão ancorados em interesses capitalistas comerciais. Isso impõem limites insuperáveis às burguesias dos países que compõem o bloco. Uma integração autenticamente antiimperialista até suas últimas consequências e no interesse geral da humanidade, somente poderia ser concretizada num contexto dum bloco integrado e planificado de economias socialistas.
De qualquer forma, o que há de progressista nos BRICS, é o fato de abrir boas possibilidades (até o momento, somente possibilidades) de contestar a hegemonia imperialista, o que seria sem dúvida importante para o avanço das lutas dos povos oprimidos e da classe operária mundial contra o capitalismo senil e sua base de sustentação imperialista.
FRT
PCTB
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FORA LULA CAPITULACIONISTA!!!
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